2 de maio de 2016

A força do LP

Uma de nossas matérias na primeira edição da revista foi sobre as novas fábricas de vinil que estão se instando no Brasil e na Argentina. Confira na íntegra!
Uma das melhores notícias que recebi esse ano é sobre a nova fábrica de vinil que se instalou no Brasil. Localizada em um galpão na Barra Funda, zona leste de São Paulo e nomeada de Vinil Brasil. A fábrica traz um novo suspiro ao mercado e marca o início de uma nova fase para a música brasileira. Para aqueles que pensavam que o velho bolachão não teria mais seus dias de glória, eis que ele vem como rolo compressor no mercado. Só em 2015 as vendas aumentaram 30% no mundo todo, segundo a consultoria Nielsen, e este número tende a aumentar, uma vez que a indústria fonográfica perdeu trilhões em CD’s piratas e agora volta a apostar no vinil como uma mídia incopiável. E se depender do Brasil, esses números irão subir rápido, pois a Vinil Brasil já é a segunda e maior fábrica de discos da América Latina, com capacidade para produzir até 140 mil discos por mês, entre LP’s e Compactos, esperando dobrar a capacidade de acordo com a demanda. O surgimento da fábrica traz grandes mudanças no meio fonográfico, além de aumentar nossas opções de escolha, já que até então tínhamos como única alternativa no país a Polysom (RJ), que tem preços altos e uma enorme fila de espera. A Vinil Brasil poderá dar um certo alívio no bolso para os artistas que sonham em ter seus trabalhos prensados em vinil, principalmente para as bandas do underground, pois a fábrica pretende ter preços justos e competitivos no mercado. Tudo começou meio que por acaso, por causa de uma grande e rara oportunidade. O músico Michel Nath resolveu lançar o seu projeto autoral Solar Soul em vinil e prensá-lo no exterior - na fábrica GZ, da República Tcheca - pois a qualidade e os preços da Polysom não lhe agradavam. Michel ficou insatisfeito com as burocracias e com o tempo de espera para receber seu pedido da GZ. No entanto, ele acabou se tornando amigo do importador Clênio Lemos, e juntos passaram a ter um sonho distante de abrir sua própria fábrica. Porém, a sorte lhes bateu a porta quando encontraram em um ferro velho de São Paulo, se deteriorando no tempo, as sete prensas de vinil da extinta fábrica e gravadora Continental. Pesando mais de 2 toneladas cada, não hesitaram e arregaçaram as mangas. Compraram as relíquias de 1954 por um preço irrisório, comparado com o quanto elas ainda valem no exterior. Depois de meses de muitas reformas, cinco das sete prensas já estão funcionando em fase de testes. A dupla ainda deu outra grande sorte ao descobrir o telefone de um antigo técnico de manutenção da RCA, chamado Luís Bueno, um senhor que havia trabalhado durante 20 anos com estas máquinas. Foi o melhor telefonema que recebi em 20 anos, afirmou Luís. No decorrer do tempo, com muitos estudos e aprimoramentos, Luís está deixando todas as máquinas tão vivas como foram outrora. O disco número 1, claro, vai ser o próprio Solar Soul, projeto do Michel, que funcionará como teste para seu equipamento. Eu vou saber que a fábrica estará pronta quando meu disco soar como tem de soar, explica. Michel ainda enfatiza: quero que as pessoas entendam que isso aqui não é feito para me enriquecer, mas para enriquecer a cultura brasileira.
E para aumentar ainda mais a alegria dos audiófilos, a Argentina acaba de inaugurar sua primeira fábrica de vinil. Quem comanda as operações é o Grupo Laser Disc que já prensava CD’s. A fábrica vai produzir os bolachões em duas prensas, com capacidade de 40.000 discos ao mês. Opção é que não falta agora. VIVA O VINIL!
Por: Cleuber Toskko.

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